Depoimentos

Embora contundente com adversários, nunca o vi desleal. Embora os dias lhe fugissem, nunca considerou não ter tempo.  Embora o  gigantesco Poder e desafios que enfrentava, nunca o vi desanimado - reacendia-se moralmente com as dificuldades do dia-a-dia. Nos dias de hoje, poderia ser muito. Embora não sejamos Daniel, é o que deveria ser sempre. (Francisco José Castilhos Karam, professor da Universidade Federal de Santa Catarina)

Comunicação, políticas e legislação; comunicação e novas tecnologias; ensino e pesquisa da comunicação; a capacitação da sociedade para agir sobre questões de comunicação - esses são quatro eixos fundamentais da luta por políticas democráticas de comunicação no Brasil que foram assentados com contribuições essenciais e, muitas vezes pioneiras, de Daniel Herz. Sinto uma falta brutal dele. Nunca ninguém me ensinou mais do que ele sobre comunicação e democracia. (Murilo César Ramos, professor da Universidade de Brasília e orientador de mestrado de Daniel)

Daniel foi uma referência para mim. Na política era um negociador incansável ao mesmo tempo que um defensor de suas idéias no limite da intransigência. Um carismático anti-líder que comandava da retaguarda com legítima humildade. Pensador complexo que não capitulava para soluções simplórias ou fáceis, elaborou intensamente sobre jornalismo, comunicação e cultura. Sem dúvida foi o mais importante ator no cenário das políticas públicas da área de comunicação da história recente. Mas, mais do que tudo, um camarada gentil, bem-humorado e, principalmente, disponível e preocupado com o outro. Não têm sido fácil conviver com a sua ausência.(Celso A. Schröder, vice-presidente da Fenaj e coordenador-geral do FNDC)

Daniel era um obstinado. Dedicava razão e emoção, sem limites, em todas as lutas nas quais se envolvia. Inclusive na última delas: A batalha pela própria vida. A cara sisuda e jeito durão eram os escudos de um sujeito afável, bem-humorado, incansável no trabalho, parceiro leal e incondicional e extremamente generoso. O Brasil e o jornalismo, como profissão e forma de conhecimento, devem muito ao Daniel Herz. Ele inventou a luta pela democratização da comunicação. Sinto uma falta enorme do professor, amigo, companheiro dirigente da Federação Nacional dos Jornalistas. O pior é a certeza da ausência que jamais será preenchida. (Sérgio Murillo de Andrade, ex-aluno, amigo e presidente da Federação Nacional dos Jornalistas)

Um dia, me deparei com um livro impressionante. Chamava-se 'A História Secreta da Rede Globo' e era um minucioso dossiê sobre os bastidores políticos da construção do maior império de comunicações do país. Fiquei impressionado, não apenas com o texto, mas com a coragem do autor. Quem era aquele Daniel Herz, que teve a audácia de afrontar o gigante? Só mais tarde tive o prazer de conhecê-lo e de perceber que, nele, a audácia estava no DNA, assim como a firmeza, o rigor, a seriedade, assim como o seu insuperável espírito público. Pena que o destino não lhe permitiu viver o suficiente para ser o Ministro das Comunicações que este país precisa. Seguimos entregues ao coronelismo eletrônico e seus jagunços, sem a voz firme de Daniel para enfrentá-los. E o Brasil, coitado, nem percebe a falta que ele nos faz. (Gabriel Priolli, jornalista e coordenador de Núcleos de Conteúdo e Qualidade da TV Cultura de São Paulo)

Daniel sabia e tratava - magistralmente, daquilo que realmente interessa hoje: o avassalador poder da mídia na formação da consciência da sociedade e do cidadão. Sua lucidez e combatividade eram tão intensas e verdadeiras que abriam horizontes para quem o ouvia e calavam a fala dos pseudos donos da verdade. A dedicação que imprimiu á luta pela democratização dos meios de comunicação como caminho necessário para a democracia no Brasil, só se equipara a generosidade intelectual, emotiva e material que caracterizou a trajetória desse que foi, para muitos, um companheiro sem igual. (Berenice Mendes, cineasta e integrante da coordenação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação)

Daniel me proporcionou uma aprendizagem contínua. Primeiro, como sua professora, e depois quando ingressei, com ele, nas estratégias e debates da práxis política. Ele me convenceu a participar do projeto da Prefeitura do PT em Porto Alegre (1989) quando foram tecidas algumas das melhores utopias. Com Daniel, o embate duro racional era ininterrupto e a poesia parecia desaparecer. Mas ele era capaz de surpreender e, delicadamente, se oferecer para ajudar nos embates da alma e compartir dores e alegrias com quem precisasse. Agora, resta seguir suas digitais e lembrar que ainda temos de finalizar muita coisa, para tornar o mundo mais justo. Como ele queria. (Maria Helena Weber, amiga e professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Daniel sempre buscou o consenso. Mas sabia brigar por suas idéias, quando era preciso. E sempre compreendeu que, para além das conveniências pessoais, estava o interesse coletivo. Uma bela vida. Foi, sem dúvida, o melhor de todos nós. (José Paulo Cavalcanti Filho, advogado no Recife e primeiro presidente do Conselho de Comunicação Social)

A imagem que guardo do Daniel Herz aparece repetida ao longo do tempo em diferentes circunstâncias: obstinado, entusiasmado, propositivo e com uma capacidade imensa de trabalho. Registro duas situações em que estive próxima dele e pude apreciar seu jeito de ser. O entusiasmo com a criaçao do EPCOM a alegria ao receber pelo Instituto por ele idealizado o prêmio de instituiçao Inovadora da Intercom.Seu discurso foi um ato em prol da democratização dos meios. A outra foi sua gestão como presidente do Conselho Deliberativo da TVE do Rio Grande do Sul. Via ali uma oportunidade de fazer avançar a discussão sobre como deve ser a televisão pública no Brasil. O começo foi a proposição de um novo estatuto. Ele ficou no rascunho e teria sido um grande exemplo da possibilidade de democratização da tevê. É isto, o Daniel lutava pela democracia e, por isso, ele faz falta para o Brasil. (Christa Berger, amiga e professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos)

Daniel foi um lutador tenaz, enquanto sua vida lhe permitiu. Forte na defesa de suas idéias, mas capaz de dialogar e respeitar posições contrárias. Amadureceu para a busca de consensos que permitiam avanços na sua visão de sociedade e de democracia. Um homem de valor. (Jayme Sirotsky, Presidente do Conselho de Administração do Grupo RBS)

Tivemos, minha família e eu, o privilégio de conviver com o Daniel em privado. Conhecê-lo um pouco mais intimamente nos ajudou a valorizar ainda mais as suas lutas públicas. Brincalhão, divertido, provocador, levava a sério o lazer. E se enturmava com facilidade. Num dos carnavais de Florianópolis, quando ainda nos vestíamos todos de mulher, ele entrou na brincadeira e encarnou, à perfeição, “Wanderléa, esplendor dos anos 60”, de mini-saia, com um aplique de longos cabelos louros. Roupa, cabelos e maquiagem emprestados da Lúcia, minha mulher. O acompanhei, naquela tarde de sábado, como “Lady Laura”, de maiô azul e branco. Era assim, o Daniel. Uma pessoa como as outras. Só que, em muitos aspectos, melhor. (Cesar Valente, amigo e ex-colega do curso de jornalismo da UFSC)

Um amigo, um combatente, um parceiro: ao longo de mais de uma década pude conviver com Daniel Herz, na luta pela democratização dos meios de comunicação neste país, enfrentando os oligopólios e a manipulação da informação. Pensador e formulador criativo, militante firme e decidido, amigo generoso e parceiro de todas as horas, Daniel foi e continuará sendo um exemplo para todos nós. Sua luz, suas idéias, sua força permenece em cada um de nós. (Orlando Guilhon, superintendente de Rádio da EBC e Presidente da ARPUB)

Daniel Herz foi um dos primeiros brasileiros a compreender o alcance social das novas tecnologias de comunicações. Graças a essa visão, ele conseguiu introduzir na Lei do Cabo, da qual foi um dos principais mentores, conceitos essenciais que continuam a ser paradigmas para qualquer modelo de inclusão digital. Outra importante faceta de sua personalidade foi a de manter a convicção de seus pontos de vista mas sempre aberto a atualizá-los olhando para o futuro. (Alexandre Annenberg, presidente executivo da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura)

Tive a oportunidade de testemunhar como o jornalista e companheiro Daniel Herz empenhava-se em contribuir com e para a construção e o debate de iniciativas legislativas no Congresso Nacional, notadamente na Câmara dos Deputados e, em especial, para a Bancada Federal do Partido dos Trabalhadores. Testemunhei a presença e a contribuição técnica e política qualificadas de Daniel para a elaboração de projetos de lei, emendas parlamentares, votos em separado, ou mesmo pareceres e orientações de votos para a Bancada do PT sobre temas que tratavam, por exemplo, da entrada do capital estrangeiro nas empresas jornalísticas e de radiodifusão (PEC 203-B); da instalação do Conselho de Comunicação Social; e, também, da definição do padrão de TV digital no país. Não só representando na CD, o FNDC ou a FENAJ. Mas sempre que o PT solicitava a sua presença. Mesmo, às vezes, com posições divergentes, percebia-se claramente sua firmeza, profundidade e competência na defesa de suas teses e convicções. Isto eu ouvi inúmeras vezes de várias lideranças do PT. Também, não poderia deixar de aqui registrar que, embora o PT não tivesse divulgado no seu caderno do PAG2002 - Programa de Governo do Lula para 2002 - grande parte das propostas apresentadas no tema comunicação foram construídas com a sua participação direta, não só nos debates, como na formulação, elaboração e redação de textos, realizadas no interior do Núcleo de Infra-estrutura do PT e na sua Bancada na Câmara dos Deputados. Isto é necessário que se registre. Logo após a posse presidencial de 1º de janeiro de 2003, ouvi dele uma avaliação realista sobre todo o setor de comunicação, mas com um grau de expectativa muito positiva, da sua parte, sobre um cenário de possíveis transformações democráticas na radiodifusão pelo Governo Lula. (Israel Fernando de Carvalho Bayma, assessor técnico da Liderança da Bancada do PT na Câmara dos Deputados para as áreas de comunicação, telecomunicação, informática, minas e energia, de 1999 a 2003)

Privei da sua companhia menos do que gostaria, mas testemunhei você construindo entendimentos às minúcias e algumas vezes chegar ao finaldefendendo posições que não eram exatamente as suas, mas frutos do consensoe que você com sua sempre grande generosidade as defendia como se suasfossem, seja porque oriundas de um segmento mais diretamente atingido ou porreconhecê-lo mais frágil e com menor representatividade necessitando aindamais da sua defesa. Durante a sua ausência esse nosso mundo das comunicaçõesfoi ficando mais amplo, mas como os entendimentos não acompanharam esseritmo, vimos perdendo quase todas: a convergência chegou, mas sem abrir oacesso ao mercado; a TV Digital chegou, mas sem o operador de rede; também oConselho de Comunicação Social primeiro foi apossado e agora está jogadopara o limbo... Quanta falta você nos faz! (Tereza Trautman, presidente da programadora CONCEITO A em Audiovisual S/A e diretora-geral do CINEBRASiLTV)

Daniel Herz e a imagem que me ficou dele. O altruísmo e a vontade de fazer e fazer. Incansável na elaboração e na busca da perfeição. A disposição comprometida de militante. No pouco tempo de convivência que tivemos ele cultivou em mim uma profunda admiração e confiança na sua capacidade de construir a unidade no conteúdo do acordado. Daniel Herz construiu pontes entre o acadêmico e o popular e deixou a sua contribuição no dna da luta pela democratização do país. (José Sóter, poeta e coordenador nacional da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias)

Minha convivência com Daniel no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional foi por curto período. O suficiente, porém, para aprender a admirá-lo e fundamentalmente a respeitá-lo como profissional e como ser humano. A admirar a seriedade de propósito que sempre embalou suas intervenções e idéias e a democracia com que as esgrimia. Descobrimos que tinhamos mais convergências do que divergências nas idéias sobre comunicação social. Repito, agora, o que disse na sessão do Conselho seguinte a seu desaparecimento, que a todos consternou: sem o Daniel, os debates sobre comunicações, cultura e futuro da sociedade ficaram mais pobres. Ele faz muita falta ao Brasil. (Paulo Tonet Camargo, diretor-geral do Grupo RBS em Brasília)

Conheci o Daniel pelo resultado das suas lutas. Estive a seu lado num tempo bastante curto. Foram os meses de esperança durante o processo democrático anunciado pela criação do Comitê Consultivo que deveria contribuir na definição do Sistema Brasileiro de TV Digital. A cada reunião sua tenacidade em busca da realização do objetivo original daquela empreitada era destacável. A imagem que tenho dele é esta, um intelectual que ia para o front, para a peleja. Um tipo de guerreiro distinto. (Alexandre Kieling, professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos)

Sem dúvida, o sindicalista mais completo que conheci: companheiro leal, inteligente, lúcido, confiante, solidário e sem preconceito. (Adalberto Diniz, sindicalista e secretário da Associação Brasileira para Proteção da Propriedade Intelectual dos Jornalistas)